Ser mãe é ter o coração batendo fora do corpo.
Mãe é sinônimo de culpa.
A maternidade é a tarefa mais difícil que já tive.
Eu era uma mãe perfeita até ter filhos.
Depois de ter filhos entendi a minha mãe.

Poderia acabar o texto aqui, já repeti todas as frases acima, e entre as mães que conheço estas também fazem parte do script das maternagens. A maternidade pode ser dolorosa, difícil e exaustiva, mas Deus não ia dar algo tão importante sem uma recompensa à altura. Bracinhos esticados pedindo colo, sorrisos banguelas e passinhos de pinguim são fofura com cobertura extra.

Começa na gravidez, esse período lindo da mulher. A descoberta é um baque, aí tem o ultrassom e o coração batendo pra amolecer a alma. Vem junto o medo, a insegurança, tanta coisa que pode dar errado. Aí a barriga cresce e sentimos o bebê pela primeira vez, é um afago no coração. Os hormônios nos deixam doidas como numa TPM³. Nem a gente se aguenta, choro, irritação sem explicação, sono, cansaço, dor de cabeça, os peitos doendo, xixi que não acaba, enjoo, azia, inchaço, são tantas coisas e sem um remedinho pra ajudar. Fora o fato, extremamente triste, de não poder beber pra espairecer.

Os meses de espera e preparativos causam angustia e ansiedade. Como será a carinha do bebê, vai ter saúde, vou ser boa mãe, minha vida vai mudar, agora não sou só eu, e o famoso eu nunca mais vou dormir? Essa história de aproveitar pra dormir na gravidez é lenda, tente dormir enjoada, com azia e com uma bola de basquete na barriga pra ver se é fácil, é travesseiro pra tudo quanto é lado pra acomodar a pança. Temos gases que poderíamos abastecer uma usina, babamos quando comemos porque a barriga aumentou a distância do garfo à boca. Ficamos pesadas, desengonçadas e preocupadas com estrias, flacidez, em perder o corpo que tínhamos, e acabamos nos sentindo feias e inseguras.

Órgãos mudam de lugar, um empurra empurra interno, o corpo se adaptando e otimizando conforme o bebê vai crescendo. E olha que louco, temos dois corações batendo nesse momento. Me recordava daquele filme em que um ET estava grávido (Inimigo Meu), e na estranheza do momento que vivia também me senti uma ET. Alguém fala de sexo na gestação? A libido cresce exponencialmente com a barriga. Ninguém te avisa que você ficará subindo pelas paredes querendo transar. E quando achamos que estamos na reta final, o último mês dura mais oito meses e nunca acaba. Mas eu falei que a gravidez é a fase mais linda da mulher, não é?!

O parto chega e estamos num misto de cu na mão, surto e êxtase. Sentimentos conflituosos que pioram quando já se têm filhos, tem o plus do medo pelo os que já estão aqui e dependem de nós. Desculpem a propaganda negativa, apesar de não parecer, eu recomendo ter filhos. É doido demais ser mãe e considero os nascimentos dos meus filhos os dias mais felizes da minha vida. Eles são uma benção e vêm com um pacote de sorte, força e muito amor. Junto da criança vem uma super carga de felicidade pra aguentarmos o que vêm depois. Mas daí transformar esse período num filme de sessão da tarde é muita sacanagem. Quer ver algo que me deixa puta são aquelas mulheres que saem perfeitas da maternidade, essas aí que são as ETs, gente normal sai mesmo acabada, com olheiras e roupa larga.

O início da maternidade propriamente dita não é igual as propagandas de fraldas, ninguém fala das buchas. Pós-parto, recuperação, amamentação, e o mais temível de todos: o puerpério. Sobra cansaço, dores do parto e da amamentação. E o emocional? Completamente descompensado pela nova situação e hormônios. Estamos nessa fase como o cocô da pulga do cavalo do bandido. Sobra solidão, corpo vazio e desengonçado, cobranças, palpites e julgamentos. O que falta é banho, autocuidado, tempo pra comer e dormir, isso sim é o primeiro mês de uma mãe. Não desejo a ninguém, os meus puerpérios foram dureza e tiveram como brinde o baby blue.

Mas como mágica, no meio dessa avalanche de sentimentos e fluidos, esquecemos todo o perrengue. Pois a beleza daquele instante, de ter gerado uma vida e ser mãe de um serzinho lindo, misterioso, perfeito e que nos inspira um amor infinito, compensa tudinho. A natureza é sábia e bendita seja a Ocitocina.

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