Parabéns pelo meu dia?

Nesse dia internacional da mulher vamos falar sobre nós, maravilhosas, poderosas e lascadas pela sociedade machista e retrógrada que vivemos. O último ano teve como muitas das pautas as questões femininas: abuso, violência, desigualdade. As mulheres cada dia mais estão se conscientizando, assim eu espero, de seu valor e importância na sociedade. Mas vamos combinar que as mudanças ocorrem a passos lentos.

Lembrando que no Brasil, assim como em muitos outros países, faz menos de 100 anos que nós adquirimos o direito ao voto, só em 1932 foi permitido o sufrágio feminino, e somente em 1962 que mulheres casadas puderam trabalhar sem precisar da permissão do cônjuge e há pouco tempo atrás não existia estupro dentro do casamento segundo a nossa legislação. Legal né?! A minha humilde opinião é que os avanços nos nossos direitos ocorrem como lesmas mancas com paralisia.

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.”

Simone de Beauvoir

Ainda não temos direito sobre nosso corpo, o aborto é proibido. As taxas de violência contra mulheres são estratosféricas, apesar de uma diminuição de 10% a partir da Lei Maria da Penha, a cada 2 horas é cometido um feminicídio no Brasil e em 2016 foram registrados 135 estupros de pessoas do sexo feminino por dia. Nossa representatividade na política é ridícula ocupamos somente 10% da bancada do congresso. E a diferença salarial é de 25% entre homens e mulheres. A lista continua…

Temos os níveis de escolaridade mais altos (estudamos para melhorar nossas chances no mercado de trabalho), somos maioria entre os eleitores (todavia não nos elegemos mesmo com a lei de que 30% dos candidatos devem ser mulheres) e chefiamos cada vez mais famílias (em 2011 existiam 5,5 milhões de crianças brasileiras que não tinham o nome do pai na certidão de nascimento, com esse número dá pra entender o porquê somos a maioria também nesse quesito).

Se observarmos rapidamente a história, as primeiras comunidades/sociedades eram matriarcais, o poder da mulher vinha da associação do poder de gerar vida com a natureza. Aí descobriram que o processo de fecundação era a união entre os dois sexos e houve uma mudança para sociedades mais igualitárias. Um belo dia os homens pensaram, ahh gostei desse poder quero mais, a religião resolveu ajudar e nós mulheres perdemos a vez. Com o passar dos tempos nos tornamos liliths, evas, pecadoras, bruxas, impuras, incapazes, imorais, loucas, bipolares, bla, bla, bla… O pior problema é que em algum momento da história acreditamos nisso e perdemos a consciência de quem podemos ser. Como tudo na história da humanidade é cíclico, eu entendo que uma nova mudança de paradigma já começou e nos arrastamos para conquistas mais significativas e de uma sociedade justa.

O texto está feminazi, eu sei, mas não acho que os homens são os únicos culpados pela nossa sociedade, eles não são os vilões que devem sofrer no final do filme. Assim como eles, nós também fomos educadas assim. Nós mulheres também temos nossa parcela de culpa, damos muitos tiros no pé, não nos apoiamos, criticamos umas as outras, julgamos, traímos, recriminamos e principalmente não nos valorizamos como mulheres. Somos inimigas na trincheira.

A mudança que gostaria de ver daqui pra frente é mais justiça e igualdade entre os ditos humanos, contudo isso só acontecerá com educação, conscientização e respeito pelo ser humano, independente do sexo, credo, orientação sexual, partido e time de futebol. Aprendemos a ser como somos hoje, portanto podemos ensinar novos conceitos, melhorar a base para as gerações futuras, podem não ocorrer grandes mudanças em nossa época mas pros que virão talvez faça diferença esses nossos passos de tartaruga.

Seja a mudança que você quer ver no mundo.

Mahatma Gandhi

2 Comments

  1. 👏👏👏 Aplausos por cada palavra, cada linha, cada pensamento estupendo que pos no papel, ou melhor, na tela.

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