Na sala de espera vejo uma linda jovem, bem vestida, estilosa, cabelo sedoso, maquiagem sofisticada e no alto de uma sandália salto 15.

Aquele salto 15,  que nunca usei num dia comum, aliás, nunca ouso usar, eu ficaria com uns 2 metros de altura. Um pesadelo para uma pessoa que morria de vergonha na adolescência por ser alta.

Aquele salto 15, que para uma mãe é queda na certa, antes de pensar em colocar um salto já penso em todas as atividades do dia e já desisto na primeira. Acho que ainda penso que sou mãe de um bebê e tenho que sair correndo atrás dele.

Aquele salto 15, gentem quem usa salto 15 no meio da tarde? Só a mulher maravilha no filme WW1984. Em cima do salto, a elegância em pessoa, cansei só de pensar em representar esse papel. Eu soltaria uma piada boba e uma risada nervosa no primeiro tropeço.

Aquele salto 15, que dentro tem um pé com as unhas bem feitas, ahh isso não posso falar nada que a pedicure está em dia e adoro meu pé.

Aquele salto 15, que só de pensar já quero correr pro meu Allstar.

Aquele salto 15, que carrega uma perfeição que me faz pensar o quanto sou desleixada e preguiçosa para me arrumar, que me causa culpa e autocobrança desnecessárias. Aquela perfeição inatingível de capa de revista, ahh descobri que a moça é influencer, blogueira ou qualquer coisa do gênero, está explicada a perfeição. Aquele tipo de padrão de beleza que ainda vai gerar muito trauma em mulheres comuns.

Aquele salto 15, que congelaria meus pés, hoje está por volta de 15°C e na primeira topada um dedo cairia, ou estariam todos azuis de frio.

Congelei, cansei e morri de inveja, tudo numa só imagem. Inveja do salto 15, da dona do salto 15. Eu já quis ser esse mulherão, modéstia à parte acredito que o papel me cairia bem, mas tenho preguiça só de pensar em todo o trabalho que dá pra ser assim e na preocupação em não cair do papel ou do salto.

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