Boa noite. Venho através desta informar que eu não tenho não tenho ideia de quem eu sou ou serei num futuro próximo. Sem mais. Atenciosamente, D.
Me olho e me analiso com frequência e quanto mais o tempo passa vejo que sempre tenho uma faceta escondida ou nova pintando.
Fisicamente infelizmente novas rugas que são algumas dessas descobertas. Rondam, dando ar da sua graça, mas bora passar creminho Vichy nelas. O tempo é fato e a vida deixa marcas, querendo ou não. Normalmente vejo o meu duplo no espelho, cansado, com olheiras que não arredam o pé. Cansaço este, que anda meu parça dos últimos meses. Durmo, durmo e nada. Tenho uma leve desconfiança que a alma está cansada e precisa de um afago, um carinho para voltar a ter gás pras próximas labutas da vida.
Vejo quantas questões rondam meus dias atuais: filhos, família, dinheiro, profissão, amigos e amores. No final noto que não sei bem pra onde estou indo. Sei de onde vim, e esse olhar para o passado está cada dia mais constante. Dizem por aí que precisamos saber de onde viemos para ter uma idéia do caminho a seguir. Tenho feito isso, olho meus passos até aqui, partes com olhar empático e outras com aquela voz dura do ego: por que cargas d’água você foi fazer uma cagada dessas. Mas no final, o que eu sou hoje é resultado desse emaranhado.
Me ensinaram uma vez a fazer uma triagem: isso serve, isso não serve mais. Exemplo, hoje vou usar aquela calça linda, noutro dia, putz a calça tá apertada. Mas vamos usar num contexto mais sutil, ontem… preciso ter uma conversa dura e cheia de mágoas com uma pessoa, que raiva, ela só me aprontou no passado, vou mostrar pra ela que não sou mais aquela pamonha… Hoje… preciso acertar os ponteiros com aquela pessoa, estou pronta pra isso? Vai fazer diferença na minha vida de alguma forma? Quais são as questões que me incomodam? O que fiz pra chegar nesse grau de stress?…
Não quero mais idéias prontas e enlatadas do que fui ou foram pra mim. Preciso de um olhar calmo e atento para me preparar pro que vem a seguir. Quero dar passos mais certeiros no sentido de saber que dei e porque dei. Não quero olhar pra trás e achar que a vida que fez isso ou aquilo comigo. Ser dona do próprio nariz é difícil e dá trabalho, porém cansei de ser fruto do meio ou de vítima das situações. Pois esses adjetivos não me cabem e nem são reais, somos o que fazemos ou deixamos os outros fazerem conosco.
Quero assumir as cagadas e acertos da minha vida. Quero olhar e ter orgulho do que vivi e me tornei. Quem sabe um dia eu chego lá.
Beijos nos corações 😙