Acabei de ler uma biografia da relação de Sartre e Beauvoir um dos casais mais famosos da história moderna e a conclusão que cheguei que sou absolutamente normal. Além de produzirem materiais significativos para nós, meros mortais, eram também uns conquistadores de plantão, com casos e cachos, inclusive compartilhados, e dedicaram muito tempo e dinheiro em função de suas conquistas amorosas. Apesar terem sido um casal propriamente dito somente nos primeiros anos, o compromisso ou melhor relacionamento destes era de alma, de compartilhar a vida e convicções durante todo o tempo em comum, e bota tempo nisso, foram 50 anos minha gente, ganharam de muitos casais convencionais por ai de lavada. Não vou ser eu a julgar a vida alheia, mas em vários momentos do livro os achei manipuladores, me lembraram um pouco um par famoso da literatura francesa: visconde de Valmont e a marquesa de Merteuil do livro Relações Perigosas, nos seus jogos de sedução e sua necessidade de atenção alheia. Humanos afinal, quem nunca? Mas dei risada em imaginar que em tempos de vida online, suas artimanhas não iriam funcionar muito bem.
Pessoalmente, sempre me incomodei com a “preocupação” ou “valorização” do quesito amoroso em minha vida, mas depois de ver como esses dois eram, me sinto enfim normalzinha da Silva. Somos bombardeados o tempo todo pela mídia, arte e sociedade em ter uma vida amorosa desde a infância, vide os contos de princesas e príncipes. Filmes, livros, músicas e propagandas nos mostram que é legal, bacana e socialmente necessário ter um par, principalmente para as mulheres.
Os solitários de plantão que me desculpem, mas vocês são estranhos nesse ninho. Eu particularmente os invejo, pois gostaria mesmo de não sentir a necessidade de estar numa relação como senti durante parte da minha vida. Atualmente me dou ao luxo de escolher, falou a Don Juan rs, não me entendam mal, mas já estive em relacionamentos somente por carência ou comodismo e estes não foram felizes e é essa escolha que escrevo. Hoje consigo enxergar e escolher não estar com alguém por estar, para não ficar sozinha, por mais que essa troca seja bacana e prazerosa. Amizades já fazem isso, já suprem essa carência e nelas não precisamos brincar com o sentimentos de ninguém. Levo em conta hoje em dia, o famoso não faça com os outros o que não quero que façam contigo. Infelizmente os amigos só não suprem outro tipo de carência… rs, não no meu caso pelo menos.
Para estar com alguém eu preciso daquele calorzinho na boca do estômago, sabe? Ahh a paixão inicial é uma das melhores partes de uma relação. Segundo um neurocientista, a paixão dura em média dois anos e causa efeitos no cérebro como os da bebida alcoólica, entre outras coisas, por isso ficamos tão bestas quando estamos in love. E vamos combinar como é bom estar apaixonado, como são deliciosas as primeiras trocas, aquela vontade louca de estar perto do outro, etc, etc. Se não sinto as borboletas logo no começo, já penso, ihh no que estou me metendo. A falta dessa sensação é o que faz muitos relacionamentos acabarem, pois a paixão em muitos casos não se transforma em amor. E nem vou entrar na dor de uma rejeição, porque daria vários e vários tópicos sobre: como é uma grandessíssima merda quando o sentimento não é recíproco.
De um relacionamento “sério” o que mais sinto falta é o da troca diária, do companheirismo, da cumplicidade, do olhar pra pessoa e saber que ela não está bem, essas coisas e outras que só o tempo traz. E isso eu realmente desejo ainda pra minha vida, não quero envelhecer sozinha, é fato, almejo novamente ser parte de um par. E esse casal tão pouco convencional me mostrou que paixão acaba, o amor se transforma, mas ainda assim podemos ter algo pra toda vida.
Beijos no 💛

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