Insulto a minha inteligência 

Não sei você, mas fico puta quando alguém acha que sou burra ou incapaz por ser mulher. Eu até me faço de idiota e songa as vezes, mas estou bem longe de ser.

Já fui e ainda sou tratada, com ares paternal, educador ou condescendente por ser mulher, nova e atraente (meu ego está muito inflado ou drogado hoje 😂).

Hoje, a pérola que fui obrigada a ouvir é que não tenho tamanho para mexer num portão de garagem. Oi?! Não que eu queira mexer em um, estou dispensando. Mas não duvidem da minha capacidade de fazer um trabalho como tido “masculino”, principalmente na minha cara. 

Como diria a Rita Lee, sou mais macho que muito homem. E isso não tem nada a ver com opção sexual, adoro a raça masculina, até demais kkk, mas fico pasma com tanta pretensão. Se acham necessários, insubstituíveis e melhores que nós mulheres. Ou será que é baixa auto estima? Pode ser né?  As mulheres estão cada dia mais empoderadas, donas de si e auto suficientes que deve assustar a outra parte.

Mas o preconceito existe e eu já senti na pele.  Mas o pior é quando essas “críticas” mal disfarçadas vem das minhas compatriotas. É dar tiro no pé! 

Mulher é comumente tida como louca, burra, ciumenta, bipolar, frígida, incapaz, emotiva, chiliquentas, inconsequente, vadia e tantos outros adjetivos que se fossem dados aos homens nas mesmas condições não teriam cabimento. Meu conselho: o Cérebro é um órgão que todos deveriam usar com frequência. Invertam os papéis, pensem se fosse um homem no lugar, iria mudar seu rótulo? 

Tem homens e mulheres incríveis por aí, tive o prazer de conhecer alguns e algumas. Mas não é o sexo que define isso e sim o que tem dentro que faz a diferença ❤. Vamos combinar o seguinte? Eu não estou a disposição e não sou menos que ninguém, prometo me policiar para pensar o mesmo dos outros. Educação, empatia, respeito e comida japonesa todo mundo gosta.

Invisíveis, mas não livres

Levando meu filho no médico, passei na baixada do glicério. No farol uma mãe e duas crianças pequenas pedindo dinheiro, até ai nada de novo. Ela não tinha cara de drogada e as crianças estavam bem agasalhadas. Me vi naquela mulher. O que será que aconteceu pra chegar a esse ponto? Quais foram suas escolhas erradas?

Na outra semana passei no centro e me assustei com a quantidade de moradores de rua. Faziam parte da paisagem, eles e seus cobertores cinzas. Uns sujos e drogados, outros simplesmente jogados ali como se estivessem nos sofás de suas salas.

Em que parte da vida eles se tornaram invisíveis?

Seu Clóvis!

Conheci seu Clóvis dois anos atrás, um morador de rua da região do Brooklin. Deficiente físico, não tinha uma perna, acidente de carro. Antes trabalhava com desenhos ou algo assim. Depois do acidente se enveredou na bebida, depois nas drogas, viu sua companheira de rua ter um ataque cardíaco quando consumiam crack. Depois disso resolveu largar tudo. Estava limpo fazia uns anos, e como ele dizia, só tomava uma cervejinha de vez em quando.

Mas esse homen era um caso a parte, sempre limpo e arrumado. A gentileza em pessoa, sempre com seu bom dia sincero e sua preocupação para comigo. Dava pra ver os dias que ele queria conversar, vinha puxar papo com alguma notícia da semana. É a pena que nunca mais o vi. Soube que estava bem um tempo atrás, espero que continue assim. Em dias frios e chuvosos as vezes me lembro dele, mas ele falava que estava melhor que muitos, que eu não precisava me preocupar. Uma vez me falou que nem ele era livre. Tinha também suas obrigações, de comer por exemplo. Convivi com ele um ano, um tapa na cara diário, um aprendizado constante. Que Deus o guarde.