Pra variar minha relações começam pelos aplicativos e essa não foi diferente. Foi uma empatia instantânea, conversa vai, conversa vem, café vai, café vem, msg vai, msg vêm e fomos nos apegando.
Ele tem suas peculiaridades. Suas meias são coloridas e alegres, no meio da conversa você olha pro pé do indivíduo e tem uma meia carnavalesca lá escondida. Suas citações em francês, um uh lá lá em momentos inoportunos rs. Suas referências filosóficas e certeiras que dão aquele ar intelectual. E seu humor imbatível, sem o menor medo de parecer “ridículo”. Ahh e o seu jeito carente e honesto de falar de seus sentimentos que dá vontade de por no colo. Bom, acho que deu pra notar o porquê da paixonite.
Mas naquela época estávamos em momentos diferentes, eu querendo me apegar e ele querendo curtir a recém solteirice. Resumindo, passei a virada do ano novo arrastando uma fossa e xingando todos os homens do planeta.
Meses depois ele voltou com uma fala mansa. Fiquei bem desconfiada e não dei bola. Algumas tentativas com o papo de querer ser amigo e eu baixei a guarda e propus uma troca de serviços, cada um em sua profissão. E de lá pra cá, ele sempre me ouvindo, preocupado e atencioso, ganhou minha confiança novamente.
As vezes brinco que ele me ama, ou lamento porque não demos certo, e nessa hora, com seu olhar tristonho, sinto um abismo se formar, como se o terreno fosse minado. Lamento mesmo que não tenhamos dado certo, combinávamos como casal. Mas por outro lado eu não teria o que tenho hoje, sua amizade e carinho são verdadeiros.
Especialmente hoje, vejo o quão recente são as minhas cicatrizes, me sinto muito fragilizada. Sei que há um caminho a ser percorrido e defuntos a serem enterrados. Mas sinto meu coração quentinho agora e essa gratidão me martelou a cabeça o dia inteiro, por isso o textão noturno. Essa troca com ele me faz um bem danado e é genuína. Ouso dizer que é melhor que um romance rs, me dá ânimo e fé nas pessoas e relações. Ainda existem pessoas bacanas por aí, mas que fazem cagada as vezes rs, né?!
Do meu lado, sei que não seria tão honesta e não sentiria segurança em me mostrar se tivéssemos uma relação amorosa. A insegurança anda minha amiga fiel e me expor não é das tarefas mais fáceis. Eu afasto muitas pessoas para me proteger ou com medo da rejeição, e o pior que estou ficando perita nisso.
Mas nesse caso ele não foi embora, muito pelo contrário, ele voltou. E me vê como sou, vê essa confusão imensa que é minha vida e, ainda assim, continua lá. Hoje sou grata por aquela ligação fatídica no dia 31 de dezembro, como diria o Dalai Lama, as vezes é uma tremenda sorte não se ter o que se quer ❤.