Grata por tudo!

Eu realmente tento ser grata em vários momentos da vida, ver o lado bom das coisas, me colocar no lugar do outro, etc. Os famosos termos dos tempos modernos (repetidos exaustivamente em textos de autoajuda) empatia e gratidão tentam ser colocados em prática por aqui também.

Não sou fake, tento me colocar na pele do outro e não ser tão crítica, visto que isso é uma das coisas que mais detesto quando fazem comigo (odeiooooo crítica, acho que ninguém notou isso ainda rs).

Essa leve tendência a Polyana me faz parecer ser bobinha e ingênua, naive. A pessoa “gente boa” (as vezes sou mesmo, também sou legal e raramente modesta) pode ser facilmente confundida com palermice. Não confundam pelo amor da Deusa, os crentes são os outros, o inferno também, como diria Sartre, mas não nesse caso.

Não se engane, eu enxergo muito mais que demonstro e não entro em combates que não me interessam. Porém quando gosto e me importo verdadeiramente com alguém, talvez… talvez, meu julgamento fique um pouco embotado, turvo e dou muito mais chances que a pessoa teria se fosse um qualquer na fila do pão. Pois bem, paciência também têm limite e a minha anda diminuindo com o passar do tempo.

Duas características que não deveriam vir num ser só: Polyana feelings e a fúria dos deuses do Olimpo. Eu ganhei o sorteio dessa rifa! Cansa muitooo ser assim, e acho que é por isso que evito brigas. A Polyana normalmente vem na frente, mas quando Poseidon toma seu lugar, fujam para as montanhas, porque a ira divina cairá nas suas cabeças sob a forma de críticas das mais dolorosas, pois sei exatamente que botões apertar para te fazer sofrer, como boa canceriana que sou.

Num “guento” ficar calada nessas horas, tento, juro que tento, mas normalmente vomito o que vai na alma. O perigo mora em engolir sapos, faço o exercício de falar o que me incomoda, calmamente, mas nem sempre o momento é propício ou quero me expor, e tem o caso da pessoa não valer o esforço, muitas por sinal, por mais que quiséssemos, não valem uma exposição desnecessária. E a pior parte é que o lado furioso tem uma ressaca, por isso o evito. Quando vou contra esse lado “bonitinho” de ser, rola aquela crise existencial gostosa, discursos internos… Isso cansa muito. Até a Polyana cansa desse blá blá blá e grita: chega, foda-se, pra pqp com tudo… Não é raro você me ver falando sozinha na rua.

Mas não se enganem, a boa moça as vezes passa longe e eu nem noto os coices que dou. Sou dessas que fala sem pensar e ou fala o que pensa, não sei qual é a pior escolha, portanto posso magoar sem intenção. Passei longe da fila de monges tibetanos descalços com votos de mudez e a canonização também não está na minha wish list. Sou humana com todas as delícias e os perrengues que me foram dados por direito ao nascer e pretendo usufruí-los por mais algum tempo.

Engolir sapos, copo encher, vomitar, crise interna e a libertação através dum bom: vai pra penha é a dinâmica que me vejo fazer há tempos. Porém nos últimos anos noto algo diferente, uma mudança, evolução, otimização do processo rs. Pode ser a bendita maturidade ou mesmo falta de paciência que vêm com a idade (pensa numa curva negativa) mas antes esse processo era mais longo.

Agora, sentindo que não tenho mais saúde, tempo e disposição para embates internos e externos estou bem menos disposta para magoar e ser magoada. Não é evitar, ainda não descobri exatamente o que é, talvez autovalidação. Tenho escolhido quais brigas entrar, já gasto energia com coisas demais e tento não desperdiça-la. Algumas brigas estão fadadas ao fracasso e minha peneira talvez esteja mais fina, ou eu esteja mais medrosa, autopreservação, um quê de deixei de ser besta, tudo isso junto e misturado?

Enfim, o processo encurtou, econômico até, claro que depende do freguês, mas se algum dia você ler ou ouvir de mim: “grata por tudo!” é porque estragou tudo lindamente e ultrapassou o limite do meu limite. Claro que mandar à merda é uma delícia, mas não cabe mais, essa nova versão está mais pro hoponopomo, rs, a Polyana nunca me abandona. Mas a canceriana também não, posso até perdoar, mas esquecer? Sorry.

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