Acordei com o peito pesado, daquelas sensações que sufocam e não entendemos o porquê. Depois de dormir, trabalhar, enrolar, trabalhar de novo, enrolar de novo, e passar a manhã caraminholando, resolvi fazer algo a respeito.

Pisar na grama era umas, eu e o parque, parque e eu, boa pedida, mas ainda assim me enrolei e fui só na hora de buscar o guri na escola.

A ideia era pisar na grama, caminhar e descarregar o excesso do #sabeDeusoque. Ai pensei, só pisar não daria conta do recado, abraçar umas árvores? hummm… Rolar loucamente na grama? Gritar? Boaaa, mas não, meu superego não permite.

Convoquei o pequeno e fomos. “Ai mãe, tô cansado, não quero andar.” “Bora, filho, que vou te mostrar um lugar secreto que dá para ver um Biguatinga secando as asas.”

O lugar secreto, nem é tão secreto, e para um dia de semana estava bem cheio. Entretanto, achei uma pedra e advinha? Me sentei. (Óbvio que eu ia achar um lugar para me sentar.) O pequeno que é mais aventureiro se pendurou numa árvore, e por lá ficamos. 

Eis que surge o encantador de cisnes! Calma, calma, era só um colega de classe do pequeno. Coincidências existem? Nesse caso não, pois a escola é pertinho dali. Pensa num menino maduro para a idade, educado e eloquente. Segundo ele estava ali estudando aves, e tinha amizade com os cisnes. 

E não é que o danadinho tinha mesmo?! Eles vinham pertinho quando ele aparecia. Pois, eles foram um bocadinho interesseiros, e tinham um paladar apurado. Foi um tal de procurar o mato certo para alimentá-los.
E nesse exato momento que comprovei que a grama do vizinho é mais verde, sim! Eles gostavam mais do matinho que estava longe da beira do lago, e literalmente esnobavam o que estavam ao seu alcance. Qualquer semelhança com a vida amorosa de muitos é mera coincidência, tá?! Foi só um pensamento singelo que me veio entre uma foto e outra. Mas por falar em vida amorosa, vocês sabiam que cisnes são monogâmicos, fiéis e não costumam mudar de parceiros?! Pois é, invejei a Daisy nessa hora. Daisy foi o nome que deram para a cisna e o cisno foi batizado de Miguel.
Enfim, o encantador repetia “Se agacha para eles não assustarem”, e o pequeno seguindo a risca as instruções do especialista. A louca das fotos que sou, quase que acabei com a bateria do celular. Fiquei ali, olhando, registrando, curtindo a alegria dos meninos, o nadar dos cisnes, admirando essa cena inusitada. Esqueci a angústia, o peito apertado, esqueci a vida, esqueci a hora ali sentada na pedra na beira do lago dos cisnes.

Contudo, a realidade chamou, e a hora saltou do relógio. Levanto para chamar o pequeno, e me vejo sozinha, sozinha não, os cisnes estavam pertinho, a um passo. Vou devagarzinho, pego uma folha e estico a mão para o Miguel. Ele aceita e eu fico ali parada, admirando a cena como se ainda estivesse sentada na pedra. Sabe o que enxerguei? Vi uma menina feliz num dia “exquisito”.
Ahh e esse texto era só para registrar que eu alimentei um cisne, tá?! Mas disso não tem foto, infelizmente.

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