Cortei, tosei, repiquei, encurtei, cacheei e revolucionei, mudei completamente o visual. Adorava os cabelos longos, me sentia linda, feminina, poderosa, sedutora, foi bom enquanto durou. Mas acho que tirei tanta força do coitado que este estava fraco, quebrado e caindo horrores, pedindo arrego mesmo.
Foi um namoro feliz de dois anos com as madeixas longas, contudo situações extremas pedem medidas extremas. A necessidade da mudança culminou numa época de tantos desafios, provações e problemas, (com o perdão da palavra) que estou tirando forças do cu. O corte talvez seja a representação desta mudança interna, da necessidade de ação, e talvez ativar a minha energia masculina, tirar o excesso e fazer o urgente. Freud deve explicar. As mulheres têm um vínculo profundo com os cabelos, qualquer mudança neles indica uma transformação interna. No meu caso devo falar oba ou fodeu?!
E as reações do povo?! A mulherada foi unânime, todo mundo aprovou.
Irmã 1: O “filho 2” cortou o cabelo? (oiiiii?!)
Irmã 2: Tá gata, gata!
Mãe: Gostei.
Amigas: Está linda! Adorei! Com esse rosto qlq corte fica bom (oimmm). E assim por diante.
Já os homens…. Aiiii, acho que vou ficar reclusa em casa até me acostumar.
Filho 1: Como você está moderna, mamãe. (esse vai se dar bem)
Filho 2: Mamãe, você ficou linda. (love U, filhoteeee)
Pai: Você rejuvenesceu.
Amigos: Curti heim?! Tá gata! etc. Adoro cachos. Quem deixou você cortar os cabelos? E muitos silêncios (acho que esses preferem as cabeludas).
Com tanta tagarelice dá pra notar que estou tentando me convencer que fiz o certo. Não sou tão segura quanto aparento e como me enxergo é o meu calcanhar de Aquiles. Passou uma semana e ainda não me reconheço, ou melhor, me vejo como uma moleca quando está enrolado ou uma senhoooouuura quando meio liso. O que está feito, está feito, agora é curtir ou esperar crescer. Uma parte de mim, se sente leve, a outra não está sabendo lidar com as mechas que sobraram. Testes de produtos, lavagens, penteados, e até um micro rabo (tipo chuquinha da Xuxa, pense nos meus olhos revirando nesse momento) quando me irrita, viraram minha rotina cabelística. Passar a mão no cabelo macio tem me agradado, demanda mesmo um tempo até nos alinharmos. Entretanto, têm dias que ele não colabora, deveria acordar lindo e estiloso e não uma moita rebelde e indomável.
O que sei é que precisava mudar, largar algumas máscaras e esteriótipos e ampliar o foco. As certezas tiraram férias, não sei quem sou, estou me re-conhecendo. Como em outras épocas da minha vida, estou seguindo o ciclo da natureza, agora vou mudar o meu outono, passar pelo inverno (de gorros), me preparar pra primavera e aproveitar meu verão.